Arriscar-se no mercado financeiro é atitude típica de alguns investidores, salienta Felipe Miranda, um dos fundadores da companhia Empiricus. A outra atitude, igualmente comum, é resguardar-se de possíveis perdas na bolsa. Essa divisão entre quem se dispõe a investir foi, segundo destaca o empresário, mais comumente vista em setembro de 2019. O mês, vale ressaltar, mostrou-se revolucionário logo nos primeiros pregões, principalmente em relação aos ativos financeiros.
Dessa forma, produtos financeiros que até então apresentavam bom desempenho em 2019, tais como as atividades envolvendo o ouro, por exemplo, deixaram de exibir a mesma performance de quando se iniciou o mês em questão. Como consequência houve uma espécie de corrida, por parte dos investidores, por produtos que alcançaram valorização. Commodities e o que é oferecido por instituições bancárias passaram a ganhar força inédita no ano.
Miranda esclarece que, assim como costuma ocorrer perante outros acontecimentos, as especulações do mercado exerceram interferência nesse processo. A expectativa de que a economia nacional seria estimulada por meio do viés fiscal fez com que se percebesse que as ações bancárias, bem como as commodities, passariam a ser transacionadas sob valores mais altos dos que os praticados nos outros meses do ano. Além disso, o gestor da Empiricus ressalta que até mesmo um possível aumento dos juros não seria encarado pelos investidores como algo negativo, já que poderia culminar em crescimento econômico.
Em meados de setembro, entretanto, a chamada rotação setorial pareceu ter voltado ao comportamento apresentado nos meses anteriores. O executivo da Empiricus informa que, ainda que a atividade costumeira do mercado não tenha se restabelecido em sua totalidade, já se pode esperar certo alívio para os investidores, já que as transações comerciais se mostram mais equilibradas diante da sinalização de outros estímulos de ordem monetária.
Acontecimentos na economia europeia também têm repercutido no equilíbrio brasileiro. Foi também em setembro que o BCE anunciou redução de 10 pontos em sua taxa de juro. A instituição também tornou público que retomaria um programa bilionário que atua com aquisição de títulos. Essa postura da maior entidade monetária da Europa seria uma maneira de se lidar com as expectativas dos próprios investidores, que ansiavam por medidas mais arrojadas, reporta o empresário da Empiricus.
O que se observou em relação ao BCE foi uma forma mais incisiva de se adotar uma política monetária mais flexível. Ainda que um grupo expressivo de investidores esperasse justamente por algo nesse sentido, o pacote anunciado pelo banco pegou alguns agentes financeiros de surpresa. Como resposta a esta ação, houve alta dos ativos considerados de risco, noticia o empreendedor da companhia Empiricus. Representantes da instituição em questão sinalizaram que esperavam que outras entidades monetárias adotassem postura parecida.
A expectativa atual é a de que bancos centrais de outros países cheguem ao consenso de que devam adotar o mesmo tipo de medidas. Em relação aos Estados Unidos, por exemplo, Miranda aponta que a ação deva ser ainda mais incisiva, já que espera-se que ocorra uma diminuição de até 25 ponto na taxa de juro básica do país. Os próximos a mencionarem medidas econômicas podem ser o Japão e a Inglaterra, finaliza o empresário.